Pode parecer estranho, mas o conceito de arquitetura sustentável não é tão novo assim, pois ele surgiu na década de 1960, como resposta à crescente preocupação com os problemas ambientais decorrentes do estilo de vida e da atividade humana. A crise energética de 1973 acentuou essa preocupação, levando ao desenvolvimento de novas tecnologias e métodos de construção mais eficientes e ambientalmente responsáveis. Ela parece nova porque esta discussão ficou confinada durante muito tempo apenas às pessoas que trabalhavam no setor e ao mundo acadêmico. E ela finalmente alcançou as pessoas devido ao grande apelo e debate mundial pela preservação do meio ambiente. E assim como a arquitetura toda a atividade humana tem sido debatida e questionada para que seja feita de uma forma que ambientalmente sustentável.
Nos anos 80 e 90, a arquitetura sustentável ganhou maior visibilidade, com a criação de prêmios e certificações para edifícios verdes e a crescente preocupação com as mudanças climáticas. O movimento se consolidou com a criação do US Green Building Council, em 1993, e a elaboração do sistema de certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), que se tornou uma referência internacional na avaliação da sustentabilidade de edifícios.
Mas, especificamente no tocante à arquitetura, quais são as ações que a tornam sustentável? A ideia central é criar edifícios que reduzam o impacto ambiental da construção e da operação, promovendo o uso eficiente de recursos naturais e a preservação da biodiversidade. Isso envolve a utilização de materiais de construção sustentáveis, o uso de sistemas de energia renovável e a maximização da iluminação natural, entre outras práticas. A arquitetura sustentável é um movimento que busca a criação de edifícios e espaços construídos de maneira responsável com o meio ambiente e com as pessoas que os habitam.
Os benefícios da arquitetura sustentável são inúmeros. Além de reduzir o impacto ambiental das construções, também proporciona um ambiente mais saudável e confortável para os usuários, com maior qualidade do ar e iluminação natural, menor exposição a ruídos externos e maior integração com a natureza.
Existem diversos exemplos de edifícios sustentáveis ao redor do mundo. Na Europa, destaca-se a Torre de Energia em Viena, que utiliza energia solar para gerar eletricidade e aquecer a água. Nos Estados Unidos, o edifício Bullitt Center, em Seattle, foi projetado para produzir toda a energia que consome a partir de painéis solares no telhado e sistema de coleta de água da chuva.
No Brasil, há diversos profissionais e empresas que se dedicam à arquitetura sustentável. O arquiteto Paulo Mendes da Rocha, por exemplo, é conhecido por projetar edifícios com uso consciente dos recursos naturais, como o Sesc 24 de Maio em São Paulo. Já a empresa Tecverde, com sede no Paraná, utiliza a tecnologia de construção em madeira para reduzir o consumo de energia e a emissão de gases poluentes durante a construção.
Mas como se projetaria então uma residência sustentável? Seria necessário levar em consideração diversos fatores que afetam a sustentabilidade do projeto. Entre os principais aspectos a serem considerados, estão:
• Localização e orientação: é importante escolher um terreno que permita aproveitar ao máximo a luz natural e a ventilação, reduzindo a necessidade de sistemas artificiais de climatização e iluminação.
• Materiais: deve-se priorizar o uso de materiais de construção sustentáveis, como madeira certificada, tijolos de terra crua, blocos de concreto celular, entre outros.
• Eficiência energética: é fundamental projetar a residência de forma a minimizar o consumo de energia, com a utilização de sistemas de iluminação LED, painéis solares, aquecedores solares de água, entre outros.
• Uso racional de água: deve-se adotar medidas para reduzir o consumo de água, como a instalação de torneiras e chuveiros de baixo fluxo, vasos sanitários com caixa acoplada e sistemas de reutilização de água.
• Paisagismo sustentável: deve-se pensar em um paisagismo que utilize plantas nativas, que requerem menos água e menos manutenção, além de favorecer a biodiversidade local.
No Brasil, já existem diversos exemplos de casas sustentáveis, que mostram como é possível aliar conforto, beleza e respeito ao meio ambiente. Entre esses exemplos, destacam-se:
• Casa Havaí, em São Paulo: projetada pelo escritório Arquitetura Sustentável, a casa utiliza madeira certificada, tijolos de terra crua e materiais reciclados, além de contar com sistemas de reutilização de água e painéis solares para geração de energia.
• Casa Vila Rica, no Rio de Janeiro: projetada pelo escritório Bernardes Arquitetura, a casa utiliza materiais sustentáveis, como madeira e pedra, e conta com sistemas de iluminação natural e ventilação cruzada, que reduzem o consumo de energia.
• Casa Cubo, em São Paulo: projetada pelo escritório Studio MK27, a casa utiliza materiais locais e de baixo impacto ambiental, como concreto e madeira, além de contar com sistemas de captação de água da chuva e painéis solares para geração de energia.
A arquitetura sustentável já desenvolveu ramificações que resultaram em novos conceitos como a arquitetura biofílica que pode ser considerada uma vertente da arquitetura sustentável, pois uma construção biofílica tende a ser mais sustentável. A integração com a natureza pode reduzir a necessidade de sistemas artificiais de ventilação, iluminação e refrigeração, por exemplo, o que leva a uma redução no consumo de energia. Além disso, a utilização de materiais de origem natural e sustentável pode ser uma preocupação em ambos os conceitos.
Hoje, a arquitetura sustentável é considerada uma abordagem essencial para a construção de edifícios mais equilibrados, que atendam às necessidades das pessoas e do planeta. Com a crescente conscientização sobre a necessidade de preservação ambiental, é esperado que a arquitetura sustentável continue a evoluir e a se tornar uma prática cada vez mais comum e acessível.